Imagens de infância I


Jardins

Rosas, gerânios, narcisos, lírios, angélicas, sorrisos-de-maria, antulhos, gérberas, hortências ... lembram os jardins da minha infância.

Sinto o cheiro das manhãs perfumadas, ouço os pingos da água a escorrer da torneira, ao amanhecer e ao entardecer na hora de aguar as plantas.

Lembro do alaranjado do céu, do muro branco, das pessoas a passarem pelas calçadas.

Lembro também do Jeep tão esperado, que às cinco da tarde cortava os caminhos da minha casa e eu ansiosa esperava, como se espera a um grande acontecimento. O primeiro amor, símbolo do desconhecido, do coração que teima em disparar quando ele passa, das mãos frias, do sem jeito, do desconcerto.

Lembram a minha mãe, a minha avó e Adelaide, doce e grandiosa Adelaide que nutria por mim amor igual ao de filha. Lembro também do sol se pondo, das brincadeiras sob os respingos da água.

A água a escorrer da mangueira e se entranhar na terra, nos canteiros anteriormente afofados pelas mãos generosas da minha mãe, que todos os dias passava boas horas a cuidar do seu jardim, tirando as ervas daninhas, afofando a terra para que ela pudesse respirar.

Que balsamo essa imagem, me reporto aos campos do passado, da infância, com flores, muitas flores, coloridas, muitas cores, com vida, muitas vidas.

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